sábado, 22 de setembro de 2012

CRUELDADE COM ANIMAIS


PROGRAMA PEDRO BIAL

Quinta-Feira 23/08 no programa Na Moral, a "doutora" Janaína Paschoal se mostrou especialista ao extremo em desdenhar crueldade animal,fazendo comparações sem sentido entre animais e crianças. "Então se uma marquise cair em um cão e uma criança terá que salvar o cão por causa do novo código e deixar a criança morrer".

Bom,se eu fosse ir por essa linha de pensamento,fazendo esse tipo de comparação ridícula e desnecessária com as novas leis,seria isso abaixo:

Se uma marquise cair em uma criança branca e uma negra,terei que salvar a negra para não parecer racista e ir presa pelo novo código?

Se uma marquise cair em um homossexual e um hétero? Terei que salvar o homossexual porque senão irei presa como homofóbica?

Se se uma marquise cair em um homossexual e um negro?Qual salvo para não ser taxada preconceituosa?

Outras comparações:

Se uma marquise cair em uma criança de 6 anos e um bebezinho,salvo quem?A criança de 6 anos que já tem sua racionalidade,sabe distinguir o sofrimento ou o bebê?Que não tem racionalidade nenhuma formada?

Se uma marquise cair num idoso e uma criança,qual salvo?

São comparações absurdas,inexistentes,ridículas. Não podemos rotular uma vida. Salvamos os dois é algo de impulso na hora e não premeditado,quem irei salvar!

Algumas pessoas tem o velho discurso desgastado "Com tantas crianças sofrendo e estão querendo ajudar animais". Está cansativo esse discurso. Então,porque as crianças sofrem,devemos deixar animais serem espancados, estuprados, queimados vivos como se isso fosse normal? Temos que escolher para quem dar nossa bondade e compaixão? Ou crianças ou animais? Isso é absurdo! Uma pessoa realmente compassiva não se cala diante de covardia nenhuma, de abuso nenhum, seja de qualquer ser.

Discursos como esses mostram a personalidade doentia da sociedade, onde sou obrigado a escolher quem não deve sofrer. Sofrimento é sofrimento. Crueldade é crueldade. Seja numa criança, num cão, num idoso, numa mulher, num homem, numa vaca, num porco e qualquer outro ser que tenha sistema nervoso central, sensibilidade a dor, fome, sede, frio, medo, angústia e todas as sensações.

Animais não tem culpa das crianças passarem fome, não tem culpa de políticos estarem roubando. São tão vítimas como nós. Pior até, pois eles vivem no inferno da vulnerabilidade a vida toda. Sem poder trabalhar para se sustentar, abrir uma torneira para matar a sede, fazer uma comida para matar a fome, ir a um hospital quando estão doentes, falar para pedir ajuda e denunciar um crime. Comparando com crianças, são iguais!

Estamos numa sociedade doente onde tudo é um "show televisivo", onde sofrimento de um ser é tomado como ridículo, onde leis contra racismo e homofobia são "ainda" discutidas!

Pelo que notei, se depender dessas pessoas, animais, negros e gays tinham que ser banidos do planeta. Horrível, hediondo esse tipo de discussão. CRIME É CRIME e tem que ter punição. Seja de racismo, homofobia e crueldade animal. Pois ambos sabemos bem onde vai parar né? Em espancamentos e mortes!

Agora eu pergunto: Se salvo um animal covardemente agredido(como foi o caso de uma cadelinha idosa que resgatei de uma agressão e está comigo há 6 meses) sou louca? Eu seria uma pessoa normal mentalmente se passasse, visse a agressão covarde e não fizesse nada? Onde está a ética disso? É um dever moral ajudar! Enquanto estou aqui escrevendo, milhares de animais estão sendo espancados e estuprados, milhares de crianças estão sendo estupradas e também espancadas, milhares de idosos estão sendo espancados e talvez estuprados também. E toda essa crueldade feita por uma só espécie... A HUMANA. Tem que existir ativistas para todas as causas. Ajudaria só as crianças? E os idosos e animais? Ajudaria só os animais? E os idosos e crianças? Não existe uma causa menor que outra onde há violência e crueldade. É amoral fazer escolher quem tem direito a vida, quem tem direito a ser salvo! Esse tipo de assunto jamais haveria de ter debates e sim INCENTIVO a ajudar os mais fracos e vulneráveis!

Aterroriza-me saber que vivo em meio a uma sociedade que acha normal um ser humano espancar e assassinar animais de formas mais cruéis possíveis e ainda fazerem discurso como se isso fosse insignificante. Doentio não? O mesmo homem que irá queimar vivo, estuprar e espancar um animal, é o mesmo que irá fazer o mesmo numa criança. Sem diferenças! Aqui não estou discutindo quem é mais, criança ou animal. E sim o ato de covardia, crueldade e sadismo. Numa criança ou em um animal o efeito é o mesmo! Minha irmã de 6 anos assassinada brutalmente é uma prova disso! O que essas pessoas não entendem é que assassino é assassino, seja de uma criança ou de um animal.

Os mesmos atos brutais que foram usados para assassinar minha irmã de 6 anos de idade, eu vejo sendo cometidos com animais, todos os dias. E esses são tão inocentes quanto ela. A cada animal inocente como uma criança, assassinado cruelmente, é ela que vejo. Pois alguns são mortos exatamente como ela foi. As mesmas maneiras,acreditam?

Então queimar um animal vivo pode? Uma criança não? Estuprar um animal pode? Uma criança não? Espancar um animal até a morte pode? E uma criança não? Loucura isso! A pessoa que vai queimar e estuprar um animal é a mesma que fará com uma criança. Não existe diferença em um psicopata assassino, que sente prazer em infringir dor. Sociedade totalmente doente mentalmente a nossa.

Muita hipocrisia fazer discurso em defesa de crianças e idosos que são abusados sexualmente, espancados e deixados sem cuidado, sem comida, mas acharem que leis para protegerem animais das mesmas crueldades não são necessárias.

"As pessoas estão abaixo de Deus e oram pedindo misericórdia. Mas os mesmos não tem misericórdia com o que está abaixo deles". (esqueci o autor)

Abraço Cristina Reis

-------- A mente das pessoas realmente é doentia....Estamos lutando contra crueldade animal por compaixão e amor a todos os seres. Pois os mesmos possuem sistema nervoso central e justamente por isso, sentem todas sensações que sentimos, TODAS! Mas,os doentes mentalmente,acham que odiamos crianças, que se virmos alguém espancando um bebê vamos deixar e aplaudir. Que não temos filhos, sobrinhos e nem crianças na família. Somos seres totalmente desprezíveis com crianças, ao ponto de deixá-las morrer de inanição, como algumas dessas pessoas fazem o mesmo com animais. Na verdade acredito que se projetam... Como eles agem dessa maneira com animais, acham que iremos fazer o mesmo com crianças!

domingo, 26 de agosto de 2012

MEU PAI


  EDIÇÃO COMEMORATIVA DOS 101 ANOS DO NASCIMENTO DE GARIBALDI CELESTINO FRAGA





De 3 de setembro de 2011 a 2 de setembro de 2012, nosso pai teria 100 anos. Na semana final desse período em que se comemora  o seu centenário de nascimento, Arizla deu a ideia de uma edição especial em homenagem a ele.

Eu pretendia colocar aqui uma foto só do papai, mas todas as fotos em que ele apresenta muita felicidade são aquelas em que ele está junto com a mamãe. Acho que nem mesmo a morte teve poder para separá-los.


GARIBALDI CELESTINO FRAGA
MEU PAI

                                                                                                   ARIZLA FRAGA DE SOUZA

           Alguns nomes e ocasiões me vêm à lembrança quando penso em meu pai.
    Quando morávamos na Rua Vitor Meireles (no Riachuelo), ele organizava uma apresentação na sala de jantar.  Uma vez, o Ado se apresentou coberto com um lençol como se fosse um fantasma.  Lembro que papai, para dar mais emoção à cena, anunciou: “- Olha o fantasma!” e o Ado saiu correndo assustado com ele mesmo.          Quando eu era pequena, ele parou de fumar e, para ajudar nisso, tinha sempre no bolso do paletó uma caixa de chicletes.  Eu sempre mexia nos bolsos à procura dos chicletes.          Era chamado de Tchelé (de Celestino) pelos irmãos.  Além dele, tinha o Ticandó (Tio Antônio), o Tio João, a Tia Mia e a Tia Elvira (todos filhos da vovó Tereza, a quem também conheci).          Ainda na Rua Vitor Meireles (tarde da noite), voltávamos da Fraternidade andando e conversando no meio da rua, junto com Seu Emiliano e a Dona Celina, além de Seu Preard e Dona Lurdes que eram nossos vizinhos.Participamos, na década de 40, de um acampamento em Araras, organizado pela Associação Cristã de Moços (ACM).  Fomos papai, eu, Zico e Santa (filha de tio Oscar e tia Dulce).  Era Carnaval e nos divertimos muito.Dormíamos em barracas; homens em umas e mulheres em outras. Quando atrasávamos na hora das refeições, tínhamos que correr em volta das mesas enquanto todos batiam com os talheres na mesa. Participamos de várias competições; lembro que o Zico ganhou uma competição de tiro ao alvo.  Foi muito bom!Papai nos levava, nessa época, para ver o Carnaval na Avenida Rio Branco. Íamos no carro do Chico e levávamos confete e lança-perfume.  Chegamos a ver o Cacique de Ramos passar (Na época, era um bloco grande, mas pequeno se comparado com o bloco de hoje)          Mudamos para perto da Fraternidade primeiramente para a Estrada Velha da Tijuca e, depois, para a Rua Muçu, onde construiu a casa onde fomos morar ( projeto do arquiteto Benjamim de Carvalho).          Papai parecia o chefe de uma tribo quando saía com todos os filhos.  Para atravessar a rua, ficávamos, lado a lado, na calçada.  Ele no meio de nós, com os braços abertos, atento, ordenava à tribo: “VAMOS!!!”  Bem teatral...          Na Fraternidade, papai se destacava pela inteligência e pelo poder de prender a atenção de todos ao falar sobre a doutrina, lá na frente.  Era verdadeiramente brilhante!!!Papai costumava ir frequentemente a Brasília, de avião. Acho que era para entrar com recurso, em causas já julgadas no Rio. Demorava de 2 a 4 dias para voltar. Uma vez, levou o Ricardo com ele (acho que foi para Belo Horizonte).          Lembro-me de seus ternos brancos de linho (impecáveis) que usava para ir à Fraternidade.  Saía tão bonito e cheiroso que a vovó ficava desconfiada.  “Isso tudo é só para rezar?”, sussurrava.          Era vegetariano e sentava-se à mesa para almoçar com alegria.  “Eu adoro bertalha”, dizia como se fosse uma iguaria dos deuses.          Sempre esquecia o guarda-chuva no ônibus para o trabalho.  Ficava fácil comprar presente para ele: era sempre um guarda-chuva novo.          Seus espirros eram escandalosos (era alérgico...) ecoavam pela casa toda!

          Aprendeu a dirigir já adulto.  Não era bom na direção.  Mamãe não tinha confiança nele como motorista e contava que, dirigindo com o vidro do motorista fechado, tentava virar à esquerda colocando a mão pra fora da janela.Em 1951, participamos (papai, eu e um grupo da Fraternidade) de uma “Cruzada” para divulgar a Doutrina Rosacruz.  Fomos de navio (levando os carros) até Porto Alegre e voltamos de carro fazendo palestras em várias cidades.          Todos os filhos torcem pelo Fluminense, já que papai era tricolor (inspirado nas cores da bandeira italiana). Em casa, não mandava em quase nada.  Tudo era mamãe que resolvia: escola, criança doente, organização da casa, etc.          Aos domingos pela manhã, tirava os livros da estante e os colocava na varanda para arejar.  Enquanto fazíamos isso, escutávamos músicas italianas cantadas, entre outros, por Benjamino Gigli, Enrico Caruso e Mario Lanza.  As que me deixaram lembranças foram: O sole mio, Una furtiva lagrima, Torna a surriento, La donna è mobile, Tosca, Funiculì funicolà, Vesti la giubba, Ti voglio tanto bene, Volare e Ridi pagliaccio.          Quando entrava mais dinheiro, era um mão aberta; mas quando a situação apertava, perguntava à mamãe: “Mas eu não trouxe dinheiro outro dia mesmo?”.          Papai me ajudou a comprar um apartamento no prédio em que moro.  Papai pagava ½ prestação, eu (já trabalhando) pagava ¼ e Adolpho (trabalhando e fazendo faculdade) pagava ¼.  Depois compramos outro no mesmo prédio.  Um apartamento ficou para nós e outro para o papai. Depois trocamos o nosso pela cobertura.  Ele nos ajudou bastante agindo assim. A firma que estava construindo o prédio faliu . Papai formou uma comissão de moradores para terminar a obra; era o chefe dessa comissão e chamou o Dr. Carvalho para cuidar da parte técnica. Graças a ele, 68 famílias conseguiram terminar seus apartamentos.          Quando fomos para São Paulo, em lua-de-mel, e papai nos levou até o embarque no trem noturno, recomendou cuidado comigo ao Adolpho.  Estava preocupado, pois era a primeira filha que casava.          Seus interesses eram o bem estar da família, o trabalho e os assuntos esotéricos.  Procurava, depois que saiu da Fraternidade, conhecimentos em outras filosofias.  Chegou a frequentar a Igreja Messiânica e fazia yoga com o Professor Hermógenes. Não sei se desenvolveu algum poder de cura, mas mamãe dizia que ao tocar a testa dela, com as suas mãos, a dor de cabeça sumia.  Brincando, talvez, dizia que ele aplicava Johrei.  Estava no primeiro ano ginasial e encontrei, no final da aula, uma caneta esquecida sobre a mesa da professora. Peguei e levei para casa. Papai viu que tinha um nome gravado na caneta. Só lembro do sobrenome Amado. Era a mulher (como advogado, papai dizia que era essa a palavra certa  em vez de esposa) de Gilson Amado, diretor ou professor no Colégio Pedro ll  (família muito respeitada no meio intelectual) Através do catálogo telefônico, papai entrou em contacto com a professora e a caneta foi devolvida. Não brigou comigo, apenas fez o certo. Essa foi a melhor lição na minha vida: a formação do caráter.          Lembro-me de algumas vezes em que reclamou:·       A bronca que levei quando, toda exibida, desci a escada da sala usando um maiô igual ao da Marta Rocha (Miss Brasil), e o maiô tinha até sainha na frente;
·       A indignação ao chegar a casa e ver a Rosa namorando o Marcus na varanda, “... e era ela que estava agarrando!”;
·       Quando o Zico trabalhava no escritório com ele e se atrasava em chegar, ligava pra casa e perguntava à mamãe: “Cadê o seu filho?” Desculpa, nessas ocasiões o Zico era o “filho da mãe”.  Não se preocupe, nas outras era motivo de muito orgulho, era o “meu filho”.
          Ganhou dois presentes em datas muito especiais: a primeira neta (Mônica) que nasceu na véspera do seu aniversário e o primeiro neto (Adolpho) nascido no dia do aniversário de casamento (24 de fevereiro).          Por algumas pessoas tinha um carinho especial:
  • Tio Oscar.  Era como um irmão para ele.  Tio Oscar era lacerdista e papai era getulista (costumava ir à Bauru defender o Sindicato dos Ferroviários).  As divergências (pacíficas) eram frequentes.  Com Tio Oscar e Tia Dulce, nossos pais foram, de navio, até Manaus.  Adoraram!
  • Seu Diamantino e Seu Diniz: eram irmãos e frequentavam a Fraternidade. Costumavam almoçar, muitas vezes, lá em casa.
  • Dr Pedro: era seu sócio e vizinho na Rua Muçu.
  • O primo Chico: dono de uma sapataria onde nos levava, ainda pequenos, para escolher sapatos (acho que em troca de serviços de advocacia).
  • Augusto: amigo feito na Associação Cristã de moços (onde andou fazendo ginástica).
          Algum tempo antes de morrer, papai perdia sangue pelo nariz e, embora hoje seja aviso de pressão alta, não se dava nenhuma importância a isso.          Também Dr Waldir, que na época era seu sócio, falava que papai vivia “dando chute na canela dos outros”.  Andava intolerante, e isso não era normal.          No dia em que morreu (meu aniversário) fomos todos almoçar na casa.  Depois do almoço, os genros (todos vascaínos) foram ao Maracanã assistir Flamengo X Vasco.          Mamãe me ligou à noitinha, e pediu que chamasse uma ambulância.  Fiz isso, peguei o carro e fui para lá.  Encontrei papai caído no chão do escritório, desacordado e se debatendo.  Mamãe e Dr Pedro estavam ao seu lado.  Quando parou de se debater, Dr Pedro disse para nós: “- Agora está tudo bem” e eu sabia que não estava.Morreu em 13 de junho de 1976, aos 64 anos, em consequência de um AVC, pois colocou a mão na testa sinalizando dor forte.          No seu enterro havia muitas pessoas.  Lembro que até Miro Teixeira (que já era vereador ou deputado) estava lá.  Era amigo do Tio Antônio (que também era MDB).Ricardo estava inconsolável (chorando muito).  Cheguei perto dele e falei que papai preferiria que nós nos mantivéssemos calmos.  E assim ele ficou.          Lembro-me da tristeza de ver mamãe sentada, sozinha, na varanda.  Lá ficavam os dois sentados sempre conversando.  E, ao escrever isso, meus olhos estão cheios de lágrimas (pela terceira vez).          Era um amor lindo que começou quando ele, fazendo Faculdade de Direito, ajudava o pai sapateiro.  Só se formou depois de casado.          Após 40 anos de casados nunca os vi brigando ou discutindo, nem ao menos ouvi uma palavra mais ríspida entre eles. Quando saía para o trabalho, mamãe o acompanhava com os olhos, da varanda, até ele dobrar a esquina da Rua Muçu.  Então davam um adeusinho.  Como se fossem dois namorados...          Não se chamavam pelos nomes, ele era “Bem” e ela era “Minha”.São lembranças fortes.  Lembro-me de muitas coisas, pois, como tive o privilégio de ser a primeira entre os seis irmãos a nascer (o que também tem seus inconvenientes como rugas e vista cansada, talvez antes dos outros irmãos), tive mais tempo de conviver com ele.








GARIBALDI CELESTINO FRAGA
MEU PAI

ALZIR CARVALHAES FRAGA


A Arizla já disse tudo. Ela foi a que mais conviveu com nossos pais e acredito que também seja a de melhor memória. Eu gostaria muito de dizer que fui um bom filho, que só dei alegria e motivos para o orgulho de meus pais, mas, infelizmente, não estaria falando a verdade. Fui um garoto travesso, vivia fazendo coisas erradas e era muito levado. Apesar disso, meus pais sempre me trataram com extremo amor, carinho e compreensão. Não chegava a ser tão ruim quanto o Pedrinho, filho do vizinho, o qual fazia maldade com animais e chegava a matar gatos usando meios cruéis. Era apenas criança e fazia coisas erradas próprias de crianças e depois que cresci acho que dei motivos de orgulho a minha mãe e, principalmente, a meu pai.
A lembrança mais antiga que tenho de papai é quando todos nós tomávamos um carro e íamos à sapataria do Chico (Francesco Pugliese), primo do papai. Papai era advogado dele e, ao invés de cobrar honorários, ocasionalmente renovava o estoque de sapatos da família inteira. Era uma farra. Ao contrário da família do Adolpho, na qual todos queriam ir junto à janela, nós queríamos todos ir no banco da frente. Penso que Seu Adolpho deveria comprar um carro bem estreito e comprido, com bancos de apenas dois lugares, enquanto o papai deveria optar por um carro bem largo, de um banco só para que todos pudessem ir na frente.
Lembro-me também de nossas idas à Fraternidade, todo mundo vestido impecavelmente de branco e fazendo pose para as fotos segurando o coração. Em uma ocasião, a Fraternidade comprou uma mesa de ping-pong e papai participava alegremente das partidas, enquanto eu acho que era muito pequeno para isso. Por esta ocasião, papai tinha decidido me dar pela primeira vez uma mesada, ou melhor, uma semanada. Ele me prometeu dar uma moeda de dois cruzeiros todos os domingos. Para ele isso podia não ser nada, mas para mim era muito importante e eu fui cair na besteira de pedir a minha moeda justamente quando papai estava participando de uma das partidas. Para que? Ele ficou nervoso e soltou logo um “Não é possível! Você vem me pedir o dinheiro justo agora que eu estou jogando? Minha, tome conta do seu filho para ele não ficar nos perturbando”. Esta é a primeira bronca de que eu me lembro.
Papai tinha pendurado em um prego na sala um quadro no qual constavam os retratos de todos os que se formaram com ele na Faculdade de Direito. Uma vez eu quis ver essas fotos de perto, mas era pequeno e, por isso, resolvi escalar a porta que ficava perto do retrato. Não fiquei sabendo quem foi, mas alguém entrou enquanto eu estava em cima da porta e eu despenquei no chão, quebrando o braço. Levaram-me ao Dr Eiras (não o psiquiatra, mas o clínico geral que frequentava a Fraternidade). Ele colocou o osso no lugar, mas não tinha gesso e encanou com pedaços de papelão. Fui levado depois a um ortopedista, mas ele disse que o imporoviso estava tão bem feito que ele preferiu não mexer.
Outra travessura de que me lembro foi quando ainda morávamos na Rua Vitor Meireles. Tínhamos uma vizinha que, aliás possuia um cachorrinho chamado Guará (mesmo nome de um refrigerante de laranja da época) e nós costumávamos provocar a vizinha cantando a música de propaganda do refrigerante com a letra modificada:
“Guará, Guará, Guará...
Bicho mais feio não há.”
Um dia, ela tinha juntado com o ancinho as folhas de seu quintal e tacou fogo no monte. Eu, como curioso e bom alpinista, subi no muro divisório para ver a fogueira. Chegei perto e, de repente, despenquei de novo lá de cima e fui cair exatamente dentro da fogueira! Coitada da vizinha. Levou um susto enorme, me tirou das chamas e levou para deitar em uma cama, além de passar arnica no meu peito e minhas costas. Ela era boazinha.
Na Rua Vitor Meireles, papai costumava colocar cadeiras na calçada quando caía a noite, principalmente nos dias mais quentes e ficavam sentados conversando e vendo a gente brincar. A Arizla, mais moleca, jogava bola com os meninos e brincava de “bandeira”, com os times tendo por objetivo pegar a “bandeira” do time adversário e trazê-la para o nosso território. Quando alguém invadia o território alheio, tinha que fugir dos inimigos, porque se um adversário encostasse em você, você ficaria “colado” no lugar e só poderia se libertar se algum colega do seu time chegasse até onde você estava de encostasse em você.
Lembro ainda quando terminei o curso primário e frequentei um ano o curso de admissão no Colégio Pardal Pinho, onde a diretora era a proprietária do curso e nós a chamávamos de “Dona Pardaloca”. Eu até que não era dos piores alunos, mas estava longe de ser um dos melhores. Mamãe não conseguia entender porque eu sempre escrevia a palavra “guerra” omitindo a letra “u”. Era Gerra Cisplatina, Gerra do Paraguai, etc. Talvez essa minha falha tenha influído quando me inscrevi na prova de admissão em dois colégios: O Colégio Militar e o Colégio Pedro II. Primeiro foi a prova do Colégio Militar. Fiz a prova e o papai foi saber o resultado, recebendo a notícia de que eu tinha feito boas provas nas demais matérias, mas tinha sido reprovado em História. Papai, sempre muito simpático, amistoso e conversador, explicou que temia mesmo que isso acontecesse, porque eu não gostava do professor de História do curso Pardal Pinho.
Como não tinha passado, voltei ao curso para continuar estudando para a prova de admissão ao Colégio Pedro II. Quando chegou o dia da aula de história, o professor me chamou e disse que ele era major e professor de história no Colégio Militar. Disse que tinha conversado com o meu pai e que meu pai tinha dito que eu não gostava dele. Fiquei calado, completamente paralizado e sem saber o que dizer. Eu só queria abrir um buraco no chão para desaparecer dali. Felizmente fui aprovado no admissão do Pedro II.
A entrada no colégio era às sete horas da manhã e nós morávamos no Alto da Boa Vista. Ainda estava escuro quando a mamãe ia até à cama, tirava meus pés de sob o cobertor, colocava as meias e só então me acordava. Eu me vestia, descia para tomar café e, quando ouvia o barulho de que o bonde já estava descendo, descia as escadas da casa correndo desabaladamente. Quando acontecia de chegar ao portão e ver que este estava fechado à chave, eu subia uns lances de escada, passava em cima da garagem e pulava a grade para cair lá em baixo na rua. Ainda tinha que correr até ao armazem que havia no início da Rua Muçu, porque a parada do bonde era lá. Descia até à Usina e pegava o bonde Tijuca, que me levava até ao centro da cidade onde era o colégio. Quando essa correria me fazia esquecer a gravata do uniforme, eu costumava fechar o agasalho até ao pescoço para passar no portão do colégio sem ser barrado.
Quando entrei para o Pedro II, tinha onze ou doze anos e meus pais me matricularam na Aliança Francesa, mas eu detestava Francês. Mais tarde cheguei a estudar grego por três anos para fugir do Francês. Eu tinha tal aversão ao Francês que comecei a “matar as aulas” no curso enquanto ficava zanzando pela rua. Um dia telefonaram lá da Aliança Francesa e perguntaram à mamãe o motivo de minha ausência prolongada nas aulas. Eu devia ter levado uma surra, mas ficou só na lição de moral e eu saí do curso.
Criei outros problemas e preocupações para papai e mamãe. Uma vez eu fui ao cinema com o Walter, irmão do Adolpho. Era um filme de faroeste e, quando o mocinho beijou a mocinha, o Walter tirou do bolso uma gaita e tocou no cinema escuro. Todo mundo riu e eu batí palmas e com os pés no chão. Vi que tinha quebrado alguma coisa, fui tatear, descobri que era algo líquido e as minhas mãos estavam brilhando no escuro. Mostrei ao Walter e saímos da sala de projeção, onde me colocaram com as mãos no bebedor de água para lavá-las. Mas o caso é que. Enquanto eu ia andando no corredor da sala escura, iam ficando pelo caminho pegadas luminosas. O lanterninha achou que era fogo e tentou apagar com o casaco. Perdeu um casaco nesse dia. Não sei quem tinha deixado a cápsula de ácido fosfórico no chão, mas os espectadores ficaram furiosos, achando que eu tinha iniciado um incêndio. Todo mundo gritava e até o Antonio, outro irmão do Adolpho, estava na sessão separado de nós e gritava junto com a multidão: “Lincha, lincha...”, mas, quando ele viu que era eu, corrigiu logo “Não lincha não que é o Zico!”. Fui atendido no Pronto Socorro e tive as mãos enfaixadas com gaze. Quando cheguei em casa, mamãe estava na varanda e eu brinquei com ela “Mamãe, comprei luvas de box”. Ela calmamente fez um sinal mandando subir.
Em outra ocasião, saindo do colégio eu atravessei a Av. Getúlio Vargas, mas não vi um bonde que se aproximava e fui jogado no chão, paralelo ao trilho. A maior sorte. Se tivesse caído enviezado, a roda teria me cortado em dois e se estivesse com os braços ou as pernas abertas, teria um ou ambos os membros deste lado amputados. Não sofri nada até que, no final do estribo, tinha alguma peça de metal que me fez um corte na nádega.
De novo no Pronto Socorro, onde recebi os pontos no corte. Uma semana depois, foram retirados os pontos e o corte reabriu. Papai teve que me levar para um hospital particular onde recebi anestesia geral e eles limparam o ferimento para costurar de novo. Correu tudo bem, mas, quando eu acordei, não podia levantar a cabeça porque me sentia terrivelmente mal e queria ficar na cama. Mas o papai me explicou e insistiu que nós tínhamos que sair dali agora, porque senão ele teria que pagar mais uma diária do hospital e ele não tinha dinheiro para isso. Papai me pegou no colo (eu tinha doze anos) e me levou até um carro e depois subiu as escadas do pédio até ao terceiro andar comigo no colo.
Todos nós respeitávamos muito nossos pais. Podíamos chorar, mas nunca falar com eles em tom desrespeitoso. Só nos referíamos a eles como “Senhor” e “Senhora”, não é como agora em que pai e mãe são “você” ou até “Pai, tu vai pra casa?”. Se algum dia eu vier a reencontrá-los, continuarei a tratá-los por “Senhor” e “Senhora”.
Quando já estava na faculdade, nós tivemos um contato muitíssimo maior e aí é que eu pude realmente conhecê-lo muito melhor. Ele era a pessoa mais simpática e bem relacionada que eu já vi. Quando nós saíamos do escritório para ir ao forum, em cada esquina ele encontrava um conhecido e parava para conversar. Conhecia todo mundo! Sempre, nas sexta-feiras, ele ia almoçar com os irmãos Tranjan em um restaurante árabe na Rua Senhor dos Passos. Algumas vezes eu fui junto. Eu reclamava com ele porque cobrava barato demais, mas eles eram mais que apenas clientes. Eram amigos. Eles eram proprietários de um andar inteiro de um edifício da Av. Presidente Vargas. Esse andar estava alugado para uma repartição pública federal e a burocracia fazia com que sempre o aluguel custasse a sair até que nós entrávamos com a Ação de Despejo por falta de pagamento. Eles pediam para purgar a mora (pagar o que era devido) mais as custas do processo e 10% de honorários para o advogado dos Tranjans (nós). Um dia o papai chegou orgulhoso me contando que tinha resolvido aquela situação e que agora não iria mais ocorrer qualquer atraso no pagamento do aluguel. Eu fiquei muito P da vida. “Papai, nós recebíamos todos os meses 10% (dez por cento) de aluguel de um andar inteiro e agora, se não houver atraso, nós não ganharemos nada!”. Infelizmente, foi isso mesmo que aconteceu.
Houve uma vez em que o meu primo Sérgio (filho da Tia Mia) tinha sido condenado pelo juiz em primeira instância em um processo criminal e estava preso. Papai fazia a defesa, mas não conhecia direito penal. Quando chegou o dia do julgamento de nossa apelação no Tribunal de Justiça, embora eu ainda não estivesse registrado na OAB, eu podia assinar petições e participar de sessões desde que juntamente com um advogado. Fui eu quem fez a defesa oral perante os desembargadores. Falei sobre hermenêutica, técnica de interpretação da lei, as provas e também apelei para o lado sentimental. Revelei aos desembargadores que o apelante era meu primo e que eles tinham nas mãos a oportunidade de salvar a recuperação de um jovem (Sérgio) e de manter o amor ao direito e a fé na justiça de outro jovem (eu).
Quando eu terminei, papai estava conversando com um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (Evandro Lins e Silva) que tinha sido cassado pelos militares. Ele tinha escutado a minha defesa e tinha elogiado muito a minha atuação para o papai, vaticinando que eu viria a ser um advogado de sucesso. Papai estava “explodindo de orgulho”. Quase chorava. Depois veio o resultado do julgamento. Perdemos, droga!
Trabalhando no escritório com papai eu percebi logo que não levava jeito para ser advogado. Quando aparecia alguém trazendo um caso, normalmente essa pessoa já estava mais informada sobre seus direitos do que nós, que não sabíamos nem do que se tratava. Eu não sabia demonstrar segurança, enrolar e depois ir procurar nos livros sobre o assunto. Não tinha a simpatia dele, não tinha como criar um grande círculo de amigos e clientes e, principalmente, não tinha paciência para aturar juízes, promotores e clientes. Uma vez, defendendo um caso de família em que o juiz tinha estabelecido uma pensão provisória em valor maior do que o nosso cliente ganhava, eu lhe disse para esperar chegar o dia da audiência e que trouxesse todos os comprovantes para que o valor da pensão fosse diminuído. Chegou o dia da audiência, eu entreguei ao juiz os comprovantes de renda comprovando isso, mas o juiz disse mais ou menos: “Que nada! Os maridos sempre arrumam um jeito de conseguir esses documentos fajutos para fingir que ganham menos. Você vai ter que efetuar o pagamento agora de todos os atrasados ou eu vou te dar voz de prisão e você vai direto para a cadeia”.
O cliente ficou, claro, muito nervoso e eu também. Argumentava mas o juiz não respondia com argumentos, mas só com suposições, deboche e ameaças. Até que chegou uma hora em que eu não aguentei mais, levantei-me da cadeira, disse que estava passando mal e sem esperar resposta retirei-me da sala e fui chorar no corredor, de tão revoltado com a injustiça. Depois de algum tempo, voltei ao local e um advogado me disse que ele mesmo tinha assumido a causa e tinha negociado um acordo, mas que eu deveria voltar para assinar o acordo. O Juiz estava furioso comigo, disse que aquilo era desacato e que ele só não tinha me prendido porque o outro advogado tinha se oferecido para continuar a audiência. Na verdade, eu acho que ele também ficou com medo das consequências, porque a Ordem dos Advogados iria tomar a minha defesa quando eu contasse o motivo de minha atitude.
Nunca tive paciência para ficar conversando com clientes. Eu gostava era de escrever petições e arrazoados analisando os processos. Briguei com vários clientes e, quando o Tranjan resolveu vender os apartamentos que tinha alugados na Taquara, um dos compradores era o casal de pais da Nicinha, minha atual mulher. Seu Sebastião e Dona Eunice faziam quase uma viagem para vir de Jacarepaguá até ao centro da cidade e, quando chegavam na porta do escritório e viam que só eu estava lá para atender, diziam logo entre eles: “Dr Fraga não está. Vamos embora porque quem está atendendo hoje é o nojento”. No dia da assinatura da escritura eles levaram a filha de dezesseis anos de idade junto e eu fiquei logo muito bonzinho e simpático. Isso foi no início do ano e quando este mesmo ano chegou ao fim, nós já tínhamos voltado da lua de mel.
Como queria fazer um concurso, resolvi entrar em um curso para não parar de estudar e tive professores como Heleno Fragoso em direito penal e Aguiar Dias em responsabilidade civil. Aguiar Dias era o papa neste assunto e seu livro de dois volumes era a Bíblia em toda a América Latina. Um dia, ele estava explicando um assunto e eu disse que não tinha entendido, porque me parecia que contrariava outra parte. Ele explicou novamente, mas usando os mesmos argumentos. Fui sincero e mostrei porque não achava a explicação satisfatória. Ele prometeu rever o assunto e trazer a explicação na próxima aula. Na próxima aula, ela foi logo dizendo que eu estava com a razão. Havia uma contradição entre esta parte e outra que regulava de modo diferente. Disse que isso iria constar da próxima edição de seu livro e fez questão de me dar uma declaração em que me elogiava e vaticinava para mim um futuro brilhante na carreira. Quando eu mostrei para o papai esse documento (que guardo até hoje), senti pela segunda vez o seu sentimento de orgulho.
Houve um ano em que papai resolveu realizar uma festa de fim de ano no escritório da Rua da Quitanda. Compareceram o Nicolino e outros. Havia bebida e todos já estavam um pouco altos. Quando homens se juntam, cada um quer contar mais vantagem que os outros. Começaram a elogiar as qualidades de diversos afrodisíacos, como amendoim, catuaba, barbatana de tubarão e houve até um que falou do pó retirado do chifre de rinocerontes. Quando recomendaram ao papai uma dessas substâncias, eu acho que ele não percebeu que eu estava escutando e declarou que: “Não, eu não vou usar nada disso porque a minha mulher já “fechou a fábrica”. Eu nunca fui infiel e não vai ser depois de velho que eu vou fazer isso”.
Por isso eu tenho certeza de que ele foi fiel durante toda a vida. Acho que isso é genético, transmitido de pai para filho. Escutaram essa, Nicinha e Mariana? Ricardo diz que, enquanto foi casado, também respeitou a tradição.
Depois que fui trabalhar com ele, enquanto cursava a faculdade, tivemos muito mais contato que antes. Eu era muito fechado, mas ele gostava de conversar e há algumas outras passagens sobre fatos que ele comentava comigo, mas acho que era conversa reservada e não me sinto autorizado a relatar.
Quando eu fiz o concurso e fui aprovado como juiz federal com apenas 26 anos, acho que foi o terceiro e maior orgulho que ele teve e a realização de um sonho. Ele sempre disse que queria que algum filho viesse a ser juiz ou embaixador. Minhas irmãs foram todas professoras e meu irmão seguiu odontologia. Por isso, só restava eu e fico muito feliz em saber que consegui realizar esse desejo dele.
Tomando posse, tive que ir morar longe e perdi o contato com papai, mas ele me disse que ficava furioso quando saía no Jornal Nacional alguma notícia sobre mim e usavam o nome “Alzir Carvalhaes”. Ele queria que me chamassem “Alzir Fraga” ou então pelo nome inteiro.
Por tudo isso eu sei que, embora tenha sido levado e travesso na infância, dei a meu pai vários momentos de felicidade e orgulho depois que cresci.

segunda-feira, 28 de maio de 2012




Eu peço que não me entendam mal. Não vou falar aqui de política, mas tão somente de história 
======================================================================
Há dias eu postei no Google Plus o link para o Youtube onde está a canção *"Para não dizer que não falei de flores"* , de Geraldo Vandré e comentei:
*"Isso foi realmente uma participação na luta contra a ditadura militar. Quem pegava em armas e praticava atentados terroristas, sequestros de embaixadores e assaltos a bancos ajudaram apenas na manutenção da ditadura, no fortalecimento daqueles que pregavam o aumento da repressão, das torturas, das mortes e dos desaparecimentos. Vocês vão ficar sabendo o que diz a história, mas nós que vivemos o período que antecedeu o golpe militar de 1964 e todo o desenrolar dos acontecimentos sabemos que a história não é o que nos é apresentado. Pelo menos, não é só isso. Há muitas coisas que vão ficar no esquecimento, pessoas honestas e heróicas vão passar à história como bandidos e bandidos vão passar como heróis e mártires."*
Todos sabem que em 1964 os militares deram um golpe para depor o presidente e assumiram o poder na mais cruenta ditadura que se tem notícia, com censura, prisões arbitrárias, tortura e assassinato de inocentes que desejavam tão somente restabelecer a democracia neste país.
Vocês sabem que as coisas se passaram assim porque é isso que ficou registrado, é isso que é ensinado e é isso que vai passar para a história.
Bem, a coisa não foi bem assim. Não pretendo defender nenhuma dessas barbaridades que foram, realmente cometidas pela "linha dura" das forças armadas e polícia organizada em DOI-CODI. Eu acompanhei os anos que antecederam o golpe militar.
Mais que isso, eu acompanhei a oposição da "Banda de música" da UDN contra o governo de Getúlio Vargas, acompanhei o medo de que o jornalista Carlos Lacerda viesse a sofrer um atentado por parte da guarda pessoal de Getúlio e, como Lacerda contava com a simpatia da Aeronáutica, ele passou a ser acompanhado em todos os momentos por alguns oficiais daquela força que se revezavam nessa função. Acompanhei quando Lacerda sofreu um atentado na Rua Toneleiros, em Copacabana, sendo atingido no pé e o oficial que o acompanhava morreu.
A polícia fez o inquérito e não deu em nada, mas como o morto era um oficial da Aeronáutica, foi instaurado um IPM (Inquérito Policial Militar) para apurar o crime e esse inquérito esclareceu que foram realmente homens da guarda pessoal de Getúlio Vargas, comandados pelo homem de confiança Gregório Fortunato que tinham cometido o crime. Descobriram muito mais coisas, a ponto de Getúlio ter dito que desconhecia o "mar de lama" que corria sob o Palácio do Catete. Em 1954 Getúlio suicidou com um tiro no coração e quase ocorreu a guerra civil aqui no Brasil, mas acabou assumindo o vice Café Filho.
Em 1956 assumiu o presidente eleito Juscelino Kubischeck, que imprimiu um governo desenvolvimentista com a instalação da indústria automobilística e a mudança da capital para Brasília. Seu lema era "Cinquenta anos em cinco".
Em 1961 assumiram o presidente Jânio Quadros, eleito com o apoio da UDN e o vice-presidente João Goulart pertencente ao PTB (naquela época presidente e vice não eram uma chapa única). Jânio Quadros assumiu com uma promessa de "fazer uma limpeza" na administração pública, tanto que seu símbolo era uma vassoura. Não fez nada e começou a surpreender com atos inesperados, como governar por meio de "bilhetinhos", usar slack e não terno, proibir lança-perfume e brigas de galo. Era a época da Guerra Fria e Jânio Quadros surpreendeu a UDN, sua base de apoio e todo o país ao condecorar o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, que tinha auxiliado Fidel Castro a derrubar Batista em Cuba e após a vitória instalou o regime comunista com o apoio da União Soviética. Depois de nove meses de governo, Jânio renunciou repentina e inesperadamente deixando uma carta alegando apenas que "forças terríveis" o impediam de fazer o governo que pretendia. Na verdade, Jânio sabia que os militares não aceitariam que Jango assumisse a presidência, ainda mais que Jânio escolheu para renunciar justamente a época em que Jango estava em visita oficial à China comunista. Jânio esperava que sua renúncia não fosse aceita e que lhe fossem dados poderes extraordinários para superar as alegadas "forças terríveis". Mas ele se deu mal. O Congresso instala no Brasil o parlamentarismo. Jango seria o presidente e chefe da nação, mas o chefe de governo seria o mineiro Tancredo Neves.
Assim foi feito, mas estava previsto um plebiscito para confirmar o parlamentarismo e Leonel Brizola, cunhado de João Goulart, fez uma campanha muito eficiente alegando que queriam que o presidente se tornasse apenas uma "rainha da Inglaterra" que não mandaria nada e o parlamentarismo foi derrotado no plebiscito, restabelecendo-se o presidencialismo com Jango na chefia do governo.
No seu governo houve constantes problemas criados pela oposição militar, em parte devido a seu nacionalismo e posições políticas radicais como a do Slogan "Na lei ou na marra" e "terra ou morte", em relação à reforma agrária. O governo de João Goulart foi marcado por alta inflação, estagnação econômica e uma forte oposição da Igreja Católica e das forças armadas que o acusavam de permitir a indisciplina nas Forças Armadas e de fazer um governo de caráter esquerdista. A indisciplina militar chegou ao ponto de sargentos da marinha jogarem oficias por cima da amurada dos navio para o mar. Houve uma série de tumultos como o congresso no Automóvel Clube e o comício na Central do Brasil, com a presença de Jango e de Brizola, então governador do Rio Grande do Sul.
Havia muita revolta pública contra essa situação e  em 19 de março de 1964, aconteceu a chamada Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da sociedade brasileira em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base. Supostamente, congregou meio milhão de pessoas em repúdio ao presidente João Goulart e ao regime comunista vigente em outros países(comunismo).
As Reformas de Base estavam programadas e o golpe militar ficou planejado para o dia 8 de abril de 1964, mas em 31 de março de 1964 o general Olympio Mourão Filho, então comandante da Quarta Região Militar em Juiz de Fora, desceu com suas tropas e seus blindados em direção ao Rio de Janeiro, surpreendendo até o alto comando do Exército, que tinha outros planos. O então Chefe do Estado Maior do Exército, general Castelo Branco, ainda tentou ligar para o governador de Minas Gerais para parar o movimento, mas já era tarde e, se desistissem da marcha, os que tinham programado a mudança para o regime comunista já estariam alertados para a resistência.
Jango não quis a guerra civil e partiu para sua fazenda no Uruguai, enquanto Brizola tentou a resistência quanto pode até que teve que também deixar o país. Os líderes civis do golpe, foram os governadores dos estados do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, de Minas Gerais, Magalhães Pinto e de São Paulo, Adhemar de Barros. A maioria dos militares que participaram do golpe de estado eram ex-tenentes da Revolução de 1930, entre os quais, Juraci Magalhães, Humberto de Alencar Castelo Branco, Juarez Távora, Médici, Geisel e Cordeiro de Farias.
Entre as características adquiridas pelos governos decorrentes do golpe militar, também chamado de "Revolução de 1964" e de "Contra-Revolução de 1964", destacam-se o combate à subversão praticadas por guerrilhas de orientação esquerdista, a supressão de alguns direitos constitucionais dos elementos e instituições ligados à tentativa de golpe pelos comunistas, e uma forte censura à imprensa, após a edição do AI-5 de 13 de dezembro de 1968.
O golpe de estado foi chamado de "Contra-Revolução de 1964" porque os golpistas estavam tentando impedir uma provável revolução comunista no Brasil, nos moldes da recém ocorrida revolução cubana ocorrida anos antes,
Quem tiver interesse em maiores detalher, indico o site da Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Golpe_de_Estado_no_Brasil_em_1964

O presidente câmara dos deputados, Ranieri Mazili assumiu a presidência e Castelo Branco foi eleito pelo Congresso para presidente e para mim foi um democrata e pretendia o restabelecimento da democracia assim que possível, mas neste período, intensificou-se a luta armada nas cidades e no campo em busca da derrubada do governo militar. Praticamente, tudo teve início com o atentado no Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, em 1966, com diversos mortos e feridos, e em diversos outros pontos do país, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Foi após a configuração desta conjuntura de terror e justiçamentos da parte dos grupos comunistas que a censura teve sua implantação consolidada.
As forças armadas estavam divididas e uma parte constituía a "Linha dura", que só aceitava a restauração da democracia após o fim do perigo comunista..
Em 15 de março de 1967 foi outorgada por Castelo Branco a sexta Constituição do Brasil. Ela não era autoritária, mas Castelo Branco teve que aceitar que o Congresso elegesse Costa e Silva para presidente, ficando o civil mineiro Milton Campos para vice-presidente, Em 13 de dezembro de 1968, Costa e Silva fechou o Congresso Nacional e decretou o Ato Institucional nº 5, o AI-5, que lhe deu o direito de fechar o Parlamento, cassar direitos políticos e suprimir o direito de habeas corpus. Em 1969, é feita uma ampla reforma da constituição de 1967, conhecida como emenda constitucional nº 1, que a torna mais autoritária.
Em 1969, Costa e Silva teve uma trombosa durante uma viagem aérea, mas o seu chefe de gabinete, general Jaime Portela, mandou vários guarda-costas o ampararem para disfarçar e escondeu o seu estado de saúde, porque quando foi decretado o Ato Institucional nº 5, o AI-5, o documento foi assinado por Costa e Silva e por todos os seus ministros, mas o vice-presidente Milton Campos se recusou a assiná-lo por considerar um atentado à democracia (o que realmente era verdade). Eles não aceitavam que o vice-presidente assumisse a presidência e novo golpe foi perpetrado, assumindo a presidência uma junta formada pelos três ministros militares, da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Eles não aceitavam o retorno da democracia porque a violência armado dos grupos comunistas continuava atuante.
Em outubro, o general Médici tomou posse como presidente eleito pelo Congresso Nacional que ele pediu que fosse reaberto. Médici comandou o período de maior repressão aos grupos esquerdistas que combatiam a ditadura militar, em especial, a repressão aos grupos de revolucionários e guerrilheiros marxistas, com suspeitos e colaboradores sendo presos, ocasionalmente exilados, torturados e/ou mortos em confrontos com as forças policiais do Estado. Em 1969, os guerrilheiros atacaram o Quartel general do II Exército, atual Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, quando morreu o soldado Mário Kozel Filho.
No governo Médici teve início o movimento guerrilheiro no Araguaia e a realização de sequestros de embaixadores estrangeiros e assaltos a bancos comerciais por grupos de esquerda. Estes sequestros eram usados, em sua maioria, como forma de pressionar o governo militar a libertar presos políticos.
Em 1974, o general Ernesto Geisel assumiu a presidência, tendo que enfrentar grandes problemas econômicos, causados pela dívida externa criada pelo governo Médici, agravados pela crise internacional do petróleo, e uma alta taxa de inflação. Geisel iniciou a abertura democrática "lenta, gradual e segura". Geisel era da linha democrática. Quando morreu nos porões do II Exército o jornalista Wlademir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura ele deu um ultimado ao comandante general Everardo e dias depois morreu o operário Manoel Fiel Filho. Os dois assassinatos foram interpretado pelo governo como sinal de que a linha dura,  estava descontente com a abertura política. Em represália, Geisel demitiu o comandante do II Exército e colocou em seu lugar um militar moderado, o general Dilermano Monteiro e, como o seu Ministro do Exército, general Sílvio Frota, não aceitasse esse ato, Geisel demitiu também Silvio Frota do Ministério. Geisel e Silvio Frota convocaram a Brasília todos os comantantes de Exército e, quando eles chegavam no aeroporto, haviam sempre dois carros oficiais à espera, um enviado pelo presidente e outro pelo ministro do exército. Fosse o presidente um civil e certamente seria derrubado, mas todos foram ao Palácio do Planalto para a reunião com o presidente da república e o ex-ministro do exército teve que aceitar sua exoneração. Após a redemocratização do país, contabilizou-se mais de trezentos mortos, de ambos os lados.
Por isso, sustento que quem manteve a ditadura militar por tantos anos no poder foram os guerrilheiros comunistas. O próprio ex-guerrilheiro Fernando Gabeira, participante do grupo que sequestrou o embaixador americano Charles Burke Elbrick, declarou recentemente que nunca houve nenhum guerrilheiro armado que tivesse lutado pela restauração da democracia no Brasil. Todos, absolutamente todos sempre lutaram para derrubar a ditadura militar e para colocar em seu lugar a ditadura comunista. Quem lutou pela redemocratização do país foram Ulisses Guimarães, Mario Covas, Franco Montoro, Teotônio Vilela, Tancredo Neves e outros tantos, esses sim, heróis e não bandidos sanguinários como os que pegaram em armas e derramaram sangue de inocentes para destruir a democracia de vez neste país.
Como sempre tenho afirmado em todos os meus posts e artigos, não sou dono da verdade, mas temos que reconhecer que eu vivi esses anos atribulados, ocupei um cargo no qual eu decidia casos que interessavam à Segurança Nacional, acompanhei a ação violenta dos grupos armados e tinha certeza de que os réus presos eram torturados, pois não havia motivo para que confessassem tudo e delatassem os companheiros enquanto presos e viessem em juízo negar tudo e afirmar que tinham confessado sob tortura. Enquanto ainda estava em vigor o AI5 eu sofri pressão do alto comando militar para não permitir que os presos relatassem essas "calúnias contra as forças armadas" e resisti, recusando-me a atender esse absurdo, e saí da reunião com as pernas trêmulas imaginando que o Diário Oficial do dia seguinte poderia trazer o decreto pelo qual "o presidente da república, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, resolve *demitir* o Juiz-auditor Alzir Carvalhaes Fraga". Sem processo, sem inquérito e sem direito de recorrer ao Poder Judiciário. Conheci pessoalmente três presidentes da República, vários ministros, um monte de generais, inclusive o Jaime Portela e vários governadores. Falo de conhecimento próprio.
Se quiserem saber como era o clima por ocasião do golpe militar e anos que se seguiram, assistam aos vídeos do Youtube:
1) http://www.youtube.com/watch?v=UeXIrPc_O8o
2) http://www.youtube.com/watch?v=-ow8bwE3fhw

Eles não contêm toda a verdade, nada fala sobre os atentados aos direitos humanos, torturas e assassinatos também cometidos por militares e policiais, mas o que está ali narrado é verdade. Atualmente todos querem participar do poder exclusivamente para se beneficiar, se corromper, enriquecer e enriquecer toa a família e os amigos. O que tinham por objetivo os militares que deram o golpe de 1964? Será que eles também só se interessavam pelas vantagens pessoais?

 OS GENERAIS PRESIDENTES... COMPARAÇÕES     (JORNALISTA CARLOS CHAGAS).

"Erros foram praticados durante o regime militar; eram tempos difíceis. Claro que no reverso da medalha foi promovida ampla modernização de nossas estruturas materiais. Fica para o historiador do futuro emitir a sentença para aqueles tempos bicudos."

Mas uma evidência salta aos olhos.

1) Quando Castelo Branco morreu num desastre de avião, verificaram os herdeiros que seu patrimônio limitava-se a um apartamento em Ipanema e umas poucas ações de empresas públicas e privadas.

2) Costa e Silva, acometido por um derrame cerebral, recebeu de favor o privilégio de permanecer até o desenlace  no palácio das Laranjeiras, deixando para a viúva a pensão de marechal e um apartamento em construção, em Copacabana.

 3) Garrastazu Médici dispunha, como herança de família, de uma fazenda de gado em Bagé, mas quando adoeceu, precisou ser tratado no Hospital da Aeronáutica, no Galeão.

 4) Ernesto Geisel, antes de assumir a presidência da República, comprou o Sítio dos Cinamonos, em Teresópolis, que a filha  vendeu para poder manter-se no apartamento de três quartos e sala, no Rio.

 5) João Figueiredo, depois de deixar o poder, não aguentou as despesas do Sítio  do Dragão, em Petrópolis, vendendo primeiro os cavalos e depois a propriedade.  Sua viúva, recentemente falecida, deixou um apartamento em São Conrado que os filhos agora colocaram à venda, ao que parece em estado lamentável de conservação.

Não é nada, não é nada, mas os cinco generais-presidentes até podem ter cometido erros, mas não se meteram em negócios, não enriqueceram nem receberam benesses de empreiteiras beneficiadas durante seus governos. Sequer criaram institutos destinados a preservar seus documentos ou agenciar contratos para  consultorias e palestras regiamente remuneradas.
Bem diferente dos tempos atuais, não é? "
Centenas de politicos, também trilharam e trilham o mesmo caminho. Se fosse aberto um processo generalizado de avaliação dos bens de todos politicos, garanto que 95% não passariam, ié, seria comprovado destes o enriquecimento ilícito. Como diria Boris Casoy: "Isto é uma vergonha" e pior, ninguém faz nada.
E viva a "comissão da verdade"!

domingo, 6 de maio de 2012

MORANGOS COM CREME DE CHANTILLY OU MINHOCAS?



MORANGOS COM CREME DE CHANTILLY OU MINHOCAS?

Alguns amigos do Google+ devem ter estranhado que eu tenha passado a enviar não mais em *Public* , mas apenas para um círculo os posts sobre os argumentos favoráveis ou contrários à existência de Deus. Esta mensagem é para esclarecer o motivo desse aparente paradoxo.
Não estranhem o título da mensagem. "MORANGOS COM CREME DE CHANTILLY OU MINHOCAS?" expressa exatamente a razão desse procedimento e quem tiver a paciência e o interesse de ler até o fim, perceberá essa ligação.
Quando eu tinha 14 para 15 anos, terminei o curso ginasial e tive que escolher entre o curso Científico e o curso Clássico. No primeiro as Ciências Exatas e Biológicas eram mais exigidas, enquanto no Curso Clássico eram as Ciências Humanas.
Escolhi o segundo e no Curso Clássico eu estudei Português, Inglês, Francês, Espanhol, Latim e Grego pelos três anos do curso, além de Matemática, Física, Química e FILOSOFIA. Isso fez a diferença em minha vida.
Não adianta me perguntar o que é Filosofia, porque não existe nenhuma definição satisfatória. Para entender o que é, eu precisaria estudar primeiro a Filosofia e depois a Metafilosofia. Só então eu teria condições de entender o que é, mas não conseguiria explicar para outra pessoa.
Dentre as diversas áreas da Filosofia, havia uma que sempre me apaixonava e esta área é a Lógica. Além de interessante, é extremamente útil em nossas vidas, seja para um médico, engenheiro ou advogado. Não é essencial em qualquer área saber analisar um argumento e verificar se ele é falso ou verdadeiro?
Creio que foi por esse motivo que eu sempre fui muito crítico e difícil de aceitar qualquer argumento sem concordar que atende aos ditames da lógica. Quando cursei por um ano a Escola Superior de Guerra no Rio, meus colegas chegaram a me chamar de "terrorista dialético", tamanha era a frequência com que contestava e derrubava argumentos.
Muita gente costuma, quando vai a algum consultório e tem que esperar a vez, ficar olhando para a televisão ligada, mesmo que esteja passando um desenho infantil ou um programa de culinária.
Ou então pega e começa a ler um exemplar antigo da revista "CARAS". Eu, pelo contrário, aproveito essas ocasiões para simplesmente pensar. Nas salas de espera dos consultórios pensam até que estou dormindo, porque me recosto e fecho os olhos enquanto penso.
No raciocínio lógico, um silogismo é composto por duas premissas e uma conclusão. No tipo mais frequente de silogismo, a primeira premissa atribui uma qualidade a uma classe, a segunda premissa inclui um indivíduo ou um grupo nesta classe e a conclusão atribui a qualidade da classe ao indivíduo ou grupo.
Parece complicado?
Um exemplo clássico vai mostrar que é a coisa mais simples do mundo.
Primeira premissa: "Todos os homens morrem".
Segunda premissa: "Os gregos são homens"
Conclusão: " Os gregos morrem".
Fácil, não é?
Já em um sofisma, uma das premissas é falsa ou o indivíduo ou grupo não está contido na classe. Exemplo:
Primeira premissa: "Fumar causa câncer no pulmão"
Segunda premissa: "João fuma"
Conclusão: "João está com câncer no pulmão"
Onde está o êrro?
A conclusão é falsa porque a primeira premissa não afirma que TODOS os que fumam estão com câncer no pulmão.
João pode não ter câncer no pulmão... ainda. Ou pode ser que nunca venha a ter.
Mas o que é que isso tem a ver com o fato de eu parar de mandar posts em Public?
Calma! Eu chego lá.
====================================================
Recebo muitos posts dos amigos encaminhando textos, imagens, vídeos, etc. As que eu considero muito boas e que ainda não tenha enviado, eu repasso. Faço isso com o objetivo único de que meus amigos tenham o mesmo prazer que eu tive ao recebê-las, é claro.
Mas quando recebo os diversos posts, eu não leio e imediatamente ignoro ou repasso. Muitas delas defendem um ponto de vista, apresentam uma tese, argumentos ou opiniões. Para estas eu reservo mais tempo. Paro a leitura e fico pensando sobre o que foi exposto na mensagem.
Será que o ponto de vista é correto? Será a tese válida? São os argumentos silogismos perfeitos ou contêm algum sofisma? A opinião adotada é a mais provável de corresponder à realidade frente aos fatos conhecidos? Resumindo, eu penso e acho que essa atividade é tão ou muito mais prazeirosa que simplesmente ler e curtir a beleza da mensagem.
Nós temos 86 bilhões de neurônios em nosso cérebro e cada um deles possui em sua membrana exterior vários ramos extensos chamados dendrites (que recebem sinais elétricos de outros neurônios) e outra estrutura chamada axônio(que envia os sinais elétricos). O espaço entre essas “antenas” dos neurônios e as “antenas” do neurônio próximo é que é chamada de “fenda sináptica”. Os sinais elétricos são transportados através das sinapses por sustâncias químicas chamadas “neurotrasmissores”.
Pombas! Isso é tão bacana, tão lindo e espetacular que não podemos desperdiçar os bilhões de anos em que a natureza foi aperfeiçoando a primeira forma de vida a surgir na Terra para nos dotar de tamanha capacidade (ou o imenso amor de Deus ao nos presentear com essa estrutura tão maravilhosa).
Está mais que comprovado que, assim como o corpo se beneficia da atividade muscular e aeróbica para se manter em forma e saudável, o cérebro também precisa de atividade mental para se manter em forma e saudável. Fazer palavras cruzadas, cálculos mentais ou aprender uma nova língua ou qualquer nova atividade força o cérebro a criar novas sinapses e fortalecer as já existentes.
Então, gente, vamos pensar!
Anos atrás eu recebi de um amigo a mensagem “O barbeiro e o freguês”, na qual o barbeiro defendia a inexistência de Deus por não acabar com as misérias e o freguês ficou quieto, mas voltou depois acompanhado de um mendigo barbudo e cabeludo.
Disse ao barbeiro que barbeiros não existem porque se existissem não haveriam barbudos e cabeludos como aquele mendigo. Ante a declaração do barbeiro de que o mendigo não o procurara, afirmou o freguês que Deus também não ajudava muita gente porque essas pessoas não o procuravam.
Esse é o tipo de mensagem a que me referi como sendo as que me fazem parar a leitura e meditar sobre o assunto. Pensei, pesei e analisei os argumentos apresentados por ambas as partes, não apenas achando bonita a mensagem e passando adiante, mas examinando tudo sob o aspecto lógico.
Respondi ao amigo que me enviara a mensagem, divulguei meus pensamentos e minhas conclusões a todos os demais, incluí neste blog e postei depois de ingressar no G+, pois eu não quero apenas e tão somente repassar os textos e apresentações que eu acho bonitos ou engraçados. Vocês podem fazer uma idéia de alguns aspectos de minha personalidade apenas constatando as mensagens que eu repasso. Se eu repasso uma mensagem, é porque eu vi naquela mansagem algo que me agradou.
Só que eu quero que os meus amigos me conheçam. Quero que saibam como eu sou, como eu penso e como eu sinto. Quero que apreciem o texto que eu pensei e escrevi e não o poema de Fernando Pessoa que eu repassei. Se vocês gostarem do poema, serão amigos de Fernando Pessoa e não meus amigos. Por isso eu quis e quero abrir o meu interior e ser avaliado por aqueles que eu quero que sejam meus amigos.
É claro que vocês verão coisas e aspectos que lhes agradarão muito e me admirarão por isso. Mas verão também outros aspectos que não lhes agradarão e podem ficar decepcionados ou desiludidos comigo. Mas se eu sou assim, quero que saibam que tipo de pessoa eu sou, para que me aceitem ou não e para que sejam ou não meus amigos e não do Fernando Pessoa.
O meu objetivo com a mensagem era mostrar os meus pensamentos e minhas opiniões. Eu deixei bem claro que não pretendo atacar, debochar ou menosprezar a fé de ninguém. Isso não tem nada a ver com a fé e sim com argumentos e raciocínio lógico. Não busco acólitos.
Se você é cristão, ótimo para você e espero que sua fé lhe ajude muito em sua vida. Se é muçulmano, ótimo para você. Se é espírita, ótimo para você. Se é ateu, ótimo para você. Nenhuma religião ou falta dela irá impedi-los de trocar idéias sobre filosofia.
Um dos maiores filósofos e por quem eu tenho respeito é São Tomaz de Aquino. Sócrates não era cristão, nem Platão, nem Aristóteles, nem Schopenhauer, nem tantos outros. Por isso não vão ler e estudar suas obras?
Eu me correspondo com muita gente e enviei a mensagem para todos. Esperava que alguns concordassem comigo, alguns aceitassem alguns argumentos mas rejeitassem outros, alguns discordassem totalmente e eu adoraria receber principalmente destes últimos os motivos e argumentos que apresentassem para justificar sua discordância.
Posteriormente, recebi mais uma mensagem que me fez parar para meditar sobre o assunto. A mensagem encaminhava um vídeo no qual o professor afirmava que, se Deus tinha criado tudo, teria criado também não só o bem, mas também o mal. Logo, ou Deus era mau ou não existia. Foi quando um aluno perguntou ao professor se o frio existia. O professor responde que é claro que existe, mas o garoto nega a existência do frio, ele diz que o que existe é o calor e o frio é justamente a ausência de calor. Da mesma forma, a escuridão não existe, porque a escuridão é simplesmente a ausência de luz. O mesmo se daria com o bem e o mal. O que existe é o bem e o mal nada mais é do que a ausência do bem, que resume o amor de Deus. O vídeo ainda afirma que o nome do aluno era Albert Einsten.
Foi a mensagem em que o remetente colocou o título de “Deus existe? Einsten”. Certamente esse título foi colocado fazendo a ligação com minhas mensagens anteriores e acrescentando a opinião de Einsten. Essa mensagem também continha opiniões e argumentos e eu pensei e analisei essas opiniões e argumentos, tirando eu mesmo minhas próprias opiniões e argumentos. E tentei mais uma vez encaminhar a todos os amigos apresentando os meus pensamentos, a minha análise e minhas conclusões. Eu queria que cada um pusesse seus neurônios para trabalhar e cada um tirasse suas próprias conclusões e mostrasse seus próprios argumentos.
Como eu tenho uma coleção de argumentos filosóficos favoráveis e contrários à existência de Deus, iniciei o envio de cada um desses argumentos juntamente com os contra-argumentos da posição oposta. Interesse puramente filosófico. Mas eu percebi que estava tocando em um nervo muito sensível para muitos colegas. Acho que isso se deve a confundir fé com crença. A fé independe de argumentos ou provas e pode até se sentir ofendida quando algum fato ou algum argumento contrário à sua fé é apresentado. Sobre fé eu não argumento e desejo que cada um seja feliz com a fé que possui. Não é minha vontade criar constrangimentos de qualquer espécie, principalmente para pessoas que eu considero amigas e sempre me trataram com a maior educação e respeito.
Foi então que eu me lembrei de um texto escrito há muitos anos por Dale Carnegie. O nome do livro é “Como fazer amigos e influenciar pessoas”.
Não me lembro exatamente como era esta parte a que estou me referindo, mas lembro que ele gostava de pescar. Pessoalmente, ele adorava a sobremesa composta por morangos com creme de chantilly, mas por alguma razão que ele não conseguia entender, os peixes gostam mesmo é de minhocas.Por isso, quando ia pescar, seu primeiro cuidado era não colocar morangos com creme de chantilly como isca no anzol. Ele colocava no anzol uma minhoca e oferecia aos peixes perguntando:”Vocês não gostariam de saborear esta suculenta minhoca?”
É claro que eu não quero pescar os destinatários de meus posts, mas quero enviar posts que sejam agradáveis para eles e não os que são agradáveis para mim. Eu gosto de astrofísica, teoria da relatividade, mecânica quântica, filosofia, lógica, gosto de pensar e analisar argumentos, mas os posts que eu recebo são em sua maioria humorísticos, românticos, religiosos. Então eu não devo enviar mensagens que não são de seu agrado, assim como não devo oferecer aos peixes morangos com creme de chantilly. Se os peixes demonstram interesse por minhocas, é isso que eu devo lhes oferecer, certo? Se uma parte dos meus amigos gosta mesmo é de posts humorísticos e assuntos sérios não religiosos, é isso que eu devo continuar enviando.Certo?
Foi por isso que eu parei a enviar em Public os posts questionando a existência da divindade e continuar enviando sobre assuntos sérios, desde que diferentes daqueles que possam criar constrangimentos com pessoas que sempre procuraram ser agradáveis comigo. Não recebi nenhuma queixa, reclamação ou mesmo pedido. Foi uma atitude baseada tão somente no que eu achei que deveria fazer.
Consegui explicar bem e me fazer entender?

Um grande abraço,

Alzir Fraga

sábado, 5 de maio de 2012

VAMOS RADICALIZAR



VAMOS RADICALIZAR

Eu recebi há algum tempo um email de diversas pessoas encaminhando o Guia Rápido de Ortografia" do G1. É excelente. Dos diversos que recebi, este é sem dúvida o melhor e mais simples para consulta. Recebi também de diversas pessoas, um email muito engraçado encaminhando fotografias de placas e tabuletas escritas de forma totalmente errada. A gente morre de rir com as burradas dos capiaus ignorantes.

Mas esses dois emails me fizeram ficar matutando sobre a ortografia e sua evolução, a etimologia das palavras e as reformas ortográficas de 1943 e 1971, além da atual. Tudo muito bonito, muito sábio, muito culto, honrando os eruditos que foram seus autores. Mas o que tem isso a ver com a pessoa comum?

Não tenho nada contra a atual reforma ortográfica, da mesma forma que dou graças a Deus por terem sido levadas a cabo as anteriores.
Não tomei conhecimento da reforma de 1943, mas enfrentei a de 1971 e tive que me acostumar. No princípio, sempre que sai uma dessas reformas, a gente estranha muito e custa a assimilar, mas depois se percebe que a forma antiga de se escrever era muito pior.
Cada vez que eu leio algum trecho escrito na ortografia de antigamente eu fico espantado e considero idiota aquela forma de escrever.
Quer um exemplo?
Veja no anexo um trecho do livro Helena, de Machado de Assis, em edição publicada em 1929 e o mesmo trecho republicado em 1963.

======================
Desta forma, escrever "sósinho", por exemplo, é considerado errado nos dias de hoje, mas estava absolutamente correto em 1929, como podemos ver no trecho extraído da obra de Machado de Assis editada nessa época. Analogamente, como também podemos observar no trecho em questão, escrever "rezou" com "s" era corretíssimo.
No entanto, como saber qual é a forma correta de escrever uma determinada palavra? Será que simplesmente decorar regras resolve?
Embora muito provavelmente a maioria das nossas dúvidas não sejam relativas às mudanças que a grafia das palavras sofreu de uma reforma ortográfica e outra, olhar para elas ajuda a entender a arbitrariedade de algumas formas ortográficas.
Assim, por exemplo, como saber se determinada palavra se escreve com "s" ou com "z"? Observando os trechos extraídos das duas diferentes edições de Helena, encontramos as mudanças: resou > rezou. Com base nisto, alguém poderia perguntar: por que o mesmo não aconteceu com formas parecidas, como "pesou", "casou", entre outros, e continuamos escrevendo-as com "s"?
O fato é que a ortografia, como vimos, é altamente convencional, no sentido de que não é uma cópia de como se fala.

======================

"O fato é que a ortografia, como vimos, é altamente convencional, no sentido de que não é uma cópia de como se fala"

Agora eu pergunto: E POR QUE NÃO?

Por que ficar obrigando a gente a decorar a grafia das palavras, a saber sua etimologia, se ela deriva do grego, do latim ou do árabe, a saber se o prefixo terminado em vogal ou consoante deverá ter hífen quando se unir a palavra iniciada com a mesma letra ou com "r" ou com "h", e também se a palavra paroxítona terminada em ditongo ou hiato deve ser acentuada ou não?
E as exceções que foram mantidas para cada uma dessas regras?

Depois a gente vai continuar cometendo uma série enorme de erros pelo resto da vida, ao mesmo tempo em que debochamos dos capiaus que escreverem "Cãos Brábus" ou "Caxorros Pudos" em suas tabuletas...
Faz sentido?

Acho muito boas todas as mudanças que foram levadas a efeito nesta reforma, assim como nas anteriores, mas acho que continuamos a ser muito tímidos nas mudanças ortográficas.
Nós não poderemos decorar todas as regras e a etimologia de cada vocábulo para escrever correto e ainda vamos exigir que as pessoas menos instruídas venham também a fazer o mesmo?

Então, O QUE SE DEVE FAZER?

Como disse antes, por que não ser a ortografia uma cópia de como se fala?
Por que não se escreve e lê: O "s" com som de "s", o "z" com som de "z", o "c" com som de "c" e assim por diante?

"Casado" se escreveria "cazado", porque o "s" neste vocábulo tem som de "z".
"Em cima" se escreveria "em sima", porque aí o "c" tem som sibilante.
"Quase" se escreveria "cuase", porque é assim que se pronuncia.
"Chuva" se escreveria "xuva"
"Hotel" se escreveria "otel", porque o "h" não tem som nenhum neste vocábulo, mas "chamar" se escreveria "xamar", porque o "h" muda o som do "c" para o som do "x".

Sei que a minha proposta é radical e seria terrível nos acostumarmos com essa nova grafia a princípio, mas acho sinceramente que não basta ficar fazendo maquiagem em prestações e deixando um monte de exceções.
Devemos exigir que o povão decore todas essas regras e exceções?
Os eruditos da Academia Brasileira de Letras não são os donos da língua portuguesa. O povo é o dono. Por isso, devemos facilitar ao máximo as coisas para o povo e não complicá-las. Pelo menos, essa é a minha opinião.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O FUTURO JÁ ACONTECEU 2

No dia 01 de abril deste ano eu publiquei um post no Google+ contendo exatamente esta matéria "O FUTURO JÁ ACONTECEU" e não me identifiquei como autor, pois eu tenho este texto há algum tempo em meu computador e não sei de qual livro eu devo tê-lo escaneado. Dois dias depois um colega colocou aqui uma versão com algumas modificações, dando como autor desta matéria "Autor: Lucas Rabello Madureira":https://plus.google.com/103155645996507913762/posts/CDUUcqvJurQ
Se quiserem comparar essas duas versões, verão que este é o meu post no Google+ dois dias antes de o colega publicar seu post e copiar também para o blog esta matéria aqui: 
http://misteriosdomundo.com/o-futuro-ja-aconteceu-e-o-tempo-e-uma-ilusao

=============================================

Efetuado esse registro, gostaria de continuar explicando minha opinião sobre o assunto. 
Os exemplos utilizados por mim e, por coincidência, dois dias depois pelo colega, são apenas metafóricos, porque eu não posso aceitar como viagem no tempo quando, em virtude da velocidade ou da gravidade, o tempo passa mais devagar para uma pessoa A do que para outra pessoa B. A não sumiu em um momento para reaparecer mais tarde. Ela se encontrava o tempo todo ocupando espaço enquanto o tempo passava mais rápido para B. B podia vê-lo e constatar que o pretenso viajante no tempo estava em câmera lenta, movendo-se e falando mais devagar. Até seu coração batia mais devagar. Realmente o tempo estava passando mais devagar para A e cada molécula e cada átomo de seu corpo estava se movendo mais devagar para o observador B. Se nós considerarmos isso como viagem no tempo, deveríamos considerar também viagem no tempo quando alguém morre e escolhe que seu corpo seja congelado em criogenia até que o desenvolvimento da ciência permita ressuscitá-lo e curar-lhe a doença. Até quando a gente vai para a cama e adormece à meia-noite e acorda às oito horas da manhã teríamos que considerar que o dorminhoco viajou no tempo!
Eu, pessoalmente, considero impossível viajar no tempo, seja para o futuro seja para o passado. O que me levou a utilizar o texto que tinha gravado é para ressaltar este ponto: 

"E aí vem o ponto crucial. Se dá para dizer que o nosso futuro já aconteceu. Que poder a gente tem para escolher como vai ser o dia de amanhã? Onde vai parar nosso livre-arbítrio? Desaparece. O universo de Einstein, o da Teoria da Relatividade, não aceita a liberdade de escolha. O jeito como as nossas vidas se desdobram, do nascimento até a morte, está mesmo escrito. As escolhas que ainda vamos fazer já estão impressas no tecido da realidade. Tão impressas quanto as escolhas que a gente fez no passado” diz o filósofo especializado em física Oliver Pooley, do Centro de Filosofia da Ciência da Universidade Oxford, na Inglaterra. Não podemos fazer nada pra mudar o destino"

Embora nunca tenha frequentado um curso de física, há mais de quarenta anos eu venho estudando com paixão esse assunto e já li dezenas de livros a respeito. Claro que não me atrevo a entrar na área das fórmulas matemáticas, todas com letras do alfabeto grego. Mesmo se eu soubesse, não adiantaria transcrevê-las porque vocês não iriam entender nada. O que eu tenho é uma admiração enorme por Albert Einstein e uma confiança incomensurável em suas conclusões. Tudo o que ele pensou e tudo o que ele calculou veio a se confirmar. Até aquilo que ele mesmo classificou como "o maior erro em toda a minha vida", referindo-se à constante cosmológica a que denominou pela letra grega Lambda para defender um universo estático e foi desmentida pela comprovação por Hubble de que o universo está em expansão, até esse maior erro de sua vida não estava errado, porque agora que se descobriu que, contra toda a lógica, o universo não está freando essa expansão e sim acelerando-a, já foi constatado pelos cientistas atuais que a "Constante cosmológica" idealizada e calculada por Albert Einstein fornece exatamente os meios para se calcular essa aceleração. Constante cosmológica equivaleria à "Energia escura" que não se conhece, mas que é sentida nessa aceleração.
Ora, se as fórmulas matemáticas utilizadas por Einstein para afirmar que o Big Bang, o passado, o presente e o futuro existem todos e que o nosso "agora" é tão válido quanto o "agora" de um ET andando de bicicleta em uma galáxia distante 1 bilhão de anos-luz da Via Láctea e que exatamente neste "agora" deste ET o ano vigente na Terra será o ano de 2212, podemos compreender o porque da frase de Einstein sobre "A DISTINÇÃO ENTRE PASSADO, PRESENTE E FUTURO É SÓ UMA ILUSÃO, AINDA QUE PERSISTENTE"
Não existe passado, não existe presente e não existe futuro. Tudo forma uma só realidade.
Já disse muitas vezes que não me considero dono da verdade, mas se alguém duvida dessa conclusão, é só pegar as fórmulas matemáticas de Einstein na Teoria da Relatividade e mostrar onde está o erro cometido pelo gênio!

Para aqueles que acharem que eu estou interpretando errado o que Einstein afirmou e que a ciência já teria divulgado uma coisa tão importante, informo que a ciência já divulgou isso entre os que conseguem entender e convido a assistir ao vídeo que gravei do canal National Geographic e enviei para o Youtube.

Sejam meus convidados: TEORIA DA RELATIVIDADE - O TEMPO.avi

Boa noite.